Míriam Santini de Abreu
Uma noite de frente fria, o céu da terça estava tão puro, tão claro... Jantei na padaria da esquina da Praça 15, média e misto frio, e saí dali cheia de farelo na blusa de lã. Também comprei uns pinhões já cozidos, cheirosos, lá na ambulante ao lado do Mercado Público. Em casa, abri um keep cooler – mas podia ser um concha y toro ou um naturelle, ah, se podia... – e fiquei dançando na frente do espelho, como adoro fazer quando estou ensolarada, bebendo direto da garrafa. No laptop deslizava um CD com músicas que eu ouvia no Sintufsc, sindicato onde trabalhei. Resposta, do Milton Nascimento, Só pro meu prazer, do Heróis da Resistência, apetitosas entradas quando se aproximava o dia do rock:
Uma diz:
Será que você não é nada do que eu penso? Também se não for, não me faz mal, não me faz mal, não...
A outra:
Em paz eu digo que eu sou o antigo do que vai adiante. Sem mais eu fico onde estou, prefiro continuar distante...
E enquanto eu ouvia essas delícias, soube - com um sentimento puro neste meu coração cuja genética familiar não é das melhores - que os existencialistas têm razão: a gente não pode mudar o passado. Mas o tempo, a ventania, o sol e a neblina podem, sim, fazer o passado palpitar em outra cadência, com outra musicalidade, dentro da gente.
Em tempo: meu irmão e minha cunhada, lamento pelo keep coller e pela falta de sofisticação... Mas vou fazer 40, os pequenos pecados, perto dos grandes que já cometi, já não pesam tanto.
Um comentário:
Mimi, don´t worry, porque "o que importa é o que interessa"!
Ou seja, bebe que te fá bene (é assim? rsrsrs).
Tô gostando de te ver mais "ensolarada". Enjoy it!
beijos
Val
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