sexta-feira, 16 de julho de 2010

Repórteres da letra e foto-jornalistas no rumo da transformação

Míriam Santini de Abreu


Acabo de receber das mãos do obstetra sr. Hélio, o mago das gráficas, a nossa vigésima terceira filha, a 23, mais uma Pobres que chega ao mundo. Para esta edição, dois colegas repórteres fotográficos, Luís Henrique Prates e Celso Martins, cederem excelente material próprio, que ilustra uma reportagem sobre a atual realidade de praias como a Armação, em Florianópolis, e sobre a luta pela mobilidade urbana na Capital catarinense. Também há um perfil de Antônio Joel de Paula, morador na Novo Horizonte, também em Floripa, com fotos e texto de Marcela Cornelli. Por isso, o editorial desta Pobres, escrito por Elaine Tavares, é dedicado aos foto-jornalistas:


A Pobres chega ao quinto ano

E lá vamos nós para o quinto ano, quase um milagre. Porque a Pobres é assim, guria nojenta, incapaz de se render aos "esquemas" comerciais. Vai se vendendo no jeito antigo, no mercado original, aquele em que o que vende olha nos olhos do que compra, numa relação de interdependência. Por isso, cada um que leva a Pobres para casa é verdadeiramente importante para nós, sem retórica. Porque dependemos deste ser que compra, que acredita na nossa proposta. Até porque é a partir dele que podemos distribuir por aí, gratuitamente, a maior parte da edição.

Na revista que agora te cai nas mãos fazemos uma homenagem aos foto-jornalistas, essas criaturas que, como a nossa revista, resistem ainda, firmes, neste mundo infame do jornalismo-gosma. Essas figuras que escrevem com a luz, registrando o inaudito, o real, a vida mesma, que se expressa no instante do clicar nervoso de quem é repórter por essência. E, no olhar de repórter, esse ser que fotografa, detecta coisas que o olho comum não percebe. Ele é um observador do detalhe, feito de outro barro. Nunca está seguro, nunca chega à perfeição, nunca está pronto. Porque está em eterna construção e, numa única foto, num detalhe, precisa traduzir, na linguagem própria da foto, o fato inteiro.

Esta Pobres traz esse olhar, do Luís Henrique Prates, do Celso Martins, na Revolta da Catraca, na tragédia da perda, no espaço da luta e da resignação. Assim como já trouxemos outros do gabarito de um Claudio Silva da Silva, um Ricardo Casarini, um Ronnie Huete, uma Marcela Cornelli. Junto com essa linguagem feita em luz, oferecemos as histórias, os fatos, o jornalismo de libertação, que não se perde no estilo porta-voz, na oficialidade, na superficialidade. Um jornalismo que vai ao fato, de corpo inteiro, com olho e mão, com nariz, com boca, cheiro e gosto. Um jornalismo que diz das gentes reais. Resistindo vamos todos, repórteres da letra e foto-jornalistas, sempre no rumo da transformação.

Um comentário:

Samuel Frison disse...

Oi, Mimi. Estive em Floripa no último final de semana. Tente te ligar, mas acho que o número era antigo.Entre em contato, estou de volta a Caxias. Parabéns pela nova filha, parece estar especial. E que venham muitas. Ah, reativei meu blog. Vocês estão lá. Bjs