Sinto água na boca quando penso em você: e aromas de árvores de laranjeiras crescem por meus talos invisíveis: hoje passei rente a um pomar de folhas verdes, passei a língua em tua nuca: em tua língua: em tua alma: no pomar de laranjeiras tudo vai findar, menos o perfume que recende de teu nome: no pomar de laranjeiras não há Bíblias nem profetas nem palavras que soem profundas: o que tem nesse pomar é um abismo verde que só posso ver de perto e de perto nada vejo posto que as folhas verdes das laranjeiras são deusas que me rendem sob um guarda-sol de perfume: um perfume que não sei nunca onde guardar.
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