

Míriam Santini de Abreu
Sempre me impressiona o modo pelo qual os cheiros agem como gatilhos que despertam nossas emoções mais remotas ou recentes.
O cheiro da brasa apagada de fogão a lenha sempre me leva para Caxias nas noites frias em que, pequenos, eu e meus irmãos assávamos pinhões na chapa.
Dia desses tive que ultrapassar com urgência um homem que caminhava na minha frente na rua. Ele se espantou com o meu ímpeto e eu expliquei:
- Me desculpe, mas o seu desodorante traz lembranças que fazem a minha alma arder.
Ele apenas sorriu.
No domingo, num impulso nostálgico, comprei um desodorante Leite de Rosas. Isso porque me lembrei da tia Zulmira, irmã de minha mãe e minha madrinha. Ela faleceu em 1994, depois de uma doença dolorosa. Sempre que vejo o Leite de Rosas, com aquela embalagem inconfundível, recordo dela. Tia Zulma usava o produto, e aquele cheio sempre me leva de volta a outro tempo, outro espaço, outros desejos, tudo embalado por um certo jeito de ser de minha tia, um jeito de menina travessa.
O Leite de Rosas completou 80 anos. Eu estou para completar metade disso. Assustador.
Mimi,
ResponderExcluirQue nostálgica minha cunhada! (rsrs)
Mas não quero pensar que já estamos entrando na categoria dos "enta". Vamos mudar de assunto! (rsrsrs)
Adorei o texto!
bjs
Val